O líder do governo espanhol, Mariano Rajoy, pediu hoje ao Senado autorização para destituir o presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, e todo o seu governo, considerando que “não há alternativa” à aplicação do artigo 155.º.
Rajoy falava perante a câmara alta do congresso no dia em que o Senado decide se ativa o artigo que permitirá ao Governo de Madrid assumir o controlo dos poderes autónomos da Catalunha para impedir a declaração de independência da região.
O presidente do Governo pediu “a destituição do presidente da Generalitat (governo regional), do vice-presidente e dos conselheiros” (ministros do governo regional), sob os aplausos dos senadores, na maioria membros do seu partido (Partido Popular).
Baixa no Governo catalão
O ‘conseller’ (ministro regional) com a pasta da Indústria do governo regional catalão, Santi Vila, demitiu-se hoje em desacordo com a decisão do presidente Carles Puigdemont de deixar para o parlamento regional uma eventual declaração de independência.
“Demiti-me. As minhas tentativas de diálogo fracassaram novamente. Espero ter sido útil, até ao último minuto, ao presidente [Carles Puigdemont] e aos catalães”, disse o ‘conseller’ de Empresa e Conhecimento.
Nos últimos dias — e entre muitos rumores de que estaria prestes a demitir-se – Vila foi uma das vozes mais fortes no governo regional a favor de uma convocatória de eleições antecipadas e da necessidade de evitar uma declaração de independência.
Santi Vila era o ‘conseller’ mais moderado do Governo regional catalão e entrou para o lugar em junho, em substituição de Jordi Baiget, que tinha sido destituído após ter expressado em público dúvidas sobre a realização do referendo a 01 de outubro.
Na sequência do referendo e das posições do governo regional, mais de 1.300 empresas catalãs mudaram a sede social ou fiscal para outras regiões de Espanha, um êxodo com consequências ainda por calcular para a economia catalã.
Carles Puigdemont pôs hoje de parte a hipótese de convocar eleições antecipadas na Catalunha para travar as medidas que o Governo de Madrid se prepara para ver aprovadas no Senado para restaurar a legalidade na região.
O presidente regional acabou por fazê-lo após demonstrações públicas contra si protagonizadas pelos independentistas e depois de alguns deputados do seu partido, o Partido Democrático Europeu da Catalunha (PDeCAT), se terem demitido.
Dois deputados do PDeCAT no parlamento catalão anunciaram a saída do partido, em protesto contra a eventual decisão do presidente do governo regional, tal como dava conta a imprensa catalã e madrilena de hoje.
Puigdemont acabaria por recuar nessa ideia, mas pelo menos o autarca de La Seu d’Urgell (Lleida), Albert Batalla, e o deputado Jordi Cuminal apresentaram mesmo a decisão.
Anterior responsável da Convergência Democrática da Catalunha (CDC, antecessora do PDeCAT) e do executivo anterior, liderado por Artur Mas, Cuminal divulgou uma mensagem semelhante: “Não partilho a decisão de ir a eleições. Renuncio ao meu lugar de deputado e saio do PDeCAT”.
O PDeCAT integra, juntamente com a ERC (Esquerda Republicana Catalã), e outros partidos, a coligação Junts pel Sí (JxSí), que apoia o governo catalão no parlamento regional.