O guia turístico tinha 27 anos quando se aventurou, mais uma vez, pelas águas do rio Zambeze, que já sabia habitadas por um, entre vários, hipopótamo mais agressivo. O episódio ocorreu há 17 anos, mas só agora a história se torna conhecida, através do relato de Paul Templer ao jornal britânico The Guardian.
“Do nada”, o hipopótomo atacou o grupo, matando um guia em início de carreira, antes de se virar contra Templer que se tinha aproximado para tentar ajudar o colega.
“Não houve qualquer transição, qualquer sensação de perigo iminente. Foi como se tivesse ficado cego e surdo de repente”, relata, explicando que nem se apercebeu logo do que lhe tinha acontecido. E o que lhe tinha acontecido foi que estava, da cintura para cima, dentro da boca do animal. “Tinha consciência que tinha as pernas na água, mas a parte de cima estava quase seca”, recorda. “Havia um cheiro terrível, sulfuroso, como ovos podres, e uma pressão tremeda no meu peito”.
Templer acabou por conseguir soltar-se, mas o hipopótamo atacou novamente, arrastando-o para debaixo de água, onde ficou não sabe precisar quanto tempo: “O tempo passa muito devagar quando se está dentro da boca de um hipopótamo”. O desfecho do episódio só não foi fatal para o guia porque o animal acabou por “cuspi-lo”, permitndo a Templer chegar à superfície, onde foi resgatado por um colega.
No hospital, contaram-lhe 40 feridas. Algumas marcas das dentadas do hipopótamo eram tão profundas que parte do pulmão ficou exposta e um dos braços teve de ser amputado.
Mas Templer voltou ao seu trabalho de guia e garante que teve um reencontro com o seu agressor, dois anos depois, quando liderava mais uma expedição pelo Zambezi. “Um hipopótamo enorme emergiu junto à minha canoa. Eu gritei tão alto que os que estavam comigo disseram que nunca tinham ouvido nada assim. Ele voltou a mergulhar e nunca mais foi visto. Aposto tudo em como era o mesmo hipopótamo, decidido a ter a última palavra”…