“A paralisação será suspensa em todas as escolas da pré-escolar, básicas e secundárias de São Tomé e Príncipe por um período de 90 dias, a contar do dia 08 de abril para que durante este período o Governo possa assumir as suas responsabilidades”, anunciou a porta-voz da intersindical, Vera Lombá.
No entanto, o Governo são-tomense, através do ministro do Trabalho rejeitou o prazo de 90 dias anunciado pela intersindical.
“Nós lamentamos essa falta de boa-fé, falta de seriedade e de honestidade na mesa das negociações porque em nenhum momento foi-nos posto um prazo”, disse o ministro Celsio Junqueira.
No entanto, a porta-voz da intersindical sublinhou ganhos além das questões financeiras, nomeadamente “o respeito, dignificação e valorização dos professores”.
“Conseguimos chamar a atenção de toda a sociedade são-tomense, incluindo o Governo, que os professores são uma classe que precisa de atenção”, disse Vera Lombá.
Além de não ter sido possível o acordo para o aumento de salário de base, a sindicalista disse que o ponto sobre o aumento das horas extraordinárias também não foi satisfeito completamente, apesar de terem conseguido outros ganhos.
“Não é aquela coisa que nós gostaríamos, mas há algum ganho”, precisou a porta-voz dos sindicatos.
A ministra da Educação alertou para os atrasos causados durante os 38 dias de interrupção letiva por causa da greve, admitindo a possibilidade “prorrogação do calendário” escolar para garantir a melhor aprendizagem aos cerca de 80 mil alunos.
“Amanhã esperemos que as nossas crianças estejam presentes e os nossos professores também estejam disponíveis com toda força para recomeçar esta atividade que não será fácil”, apelou o ministra da Educação, Cultura e Ciência, Isabel D’Abreu.
Na sexta-feira o primeiro-ministro Patrice Trovoada assegurou que o acordo alcançado após mais de 30 dias de paralisação “melhorou na medida do possível” em relação as propostas anteriormente apresentadas pelo Governo.
“Felizmente eu penso que hoje chegamos a um ponto de convergência que representa um grande esforço por parte do Governo, tomando sempre em consideração a condição, sobretudo das crianças, e representa um avanço também para os professores que a sua representação achou de razoável para por fim a greve”, disse o primeiro-ministro.
Entretanto o primeiro-ministro assegurou que o Governo não vai pagar os salários aos professores pelo período em que estiveram em greve, “porque a lei diz que não se paga o salário”, mas insistiu que o executivo pode ajudar os sindicatos a encontrar uma solução.
“O Governo sempre disse, eu próprio disse, estamos disponíveis em ajudar o sindicato a resolver a questão, porque são mais de 3040 famílias. Eu acredito que nenhum governante pode também deixar as famílias um mês sem rendimento”, reiterou o chefe do executivo são-tomense.
A greve dos professores teve início em 01 de março, com a exigência inicial de aumento do salário base de cerca de 2.500 para 10.000 dobras (quase 100 para 400 euros), que o Governo disse ser impossível, passando as negociações a centrar-se em melhorias de subsídios.
JYAF // SF