A Magellan 500, a empresa que está a promover a construção do novo Aeroporto de Lisboa na região de Santarém, vai celebrar um acordo com a Câmara Municipal de Oeiras (CMO) para a instalação neste concelho dos primeiros vertiportos, locais para a aterragem e descolagem dos chamados eVTOL, do inglês electric Vertical Take-Off and Landing (veículos elétricos de aterragem e descolagem vertical).
O acordo será assinado entre as duas partes no próximo dia 31 de maio, quarta-feira, e prevê o desenvolvimento das “ações necessárias e adequadas ao estudo, projeção, criação e implementação de infraestruturas nas áreas da nova mobilidade aérea elétrica em Oeiras, designadamente de uma infraestrutura aeroportuária para operação de aeronaves elétricas e outras de descolagem e aterragem vertical, e respetivas infraestruturas de apoio”, salienta a edilidade.
Para a Magellan 500 esta será a primeira fase de um investimento mais alargado neste novo negócio de transporte rápido e sustentável de pessoas. A empresa, que integra vários grupos nacionais, entre os quais o Barraqueiro, quer, mais tarde criar uma rede de vertiportos nas grandes sonas urbanas do País, bem como ligações ao futuro aeroporto de Lisboa. Para a CMO, este projeto enquadra-se na estratégia municipal de captar novas soluções de mobilidade elétrica.
Os eVTOL são vistos como os veículos da mobilidade do futuro e têm como grandes argumentos a eficiência na utilização dos espaços de aterragem, a sustentabilidade da energia elétrica, a conveniência da rapidez de deslocação (com velocidades cruzeiro acima dos 250 km/hora) e o funcionamento silencioso.
Segundo um estudo da consultora McKinsey, no espaço de um ano e meio, entre janeiro de 2021 e o final do ano passado, foram investidos cerca de 9 mil milhões de euros no desenvolvimento desta tecnologia em todo o mundo, nomeadamente os grandes construtores de aviões, como a Airbus, Boeing e Embraer, bem como os fabricantes de componentes para aeronaves.
A McKInsey considera, no mesmo estudo, que, em 2030, os eVTOL irão “oferecer uma forma segura, acessível e sustentável de viajar e representarão uma oportunidade multibilionária de mercado”.
Apesar de, no início, os eVTOL terem sido desenvolvidos para o transporte de pessoas, muitas indústrias começam a utilizá-los para outras funções. No mês passado, a Federal Aviation Administration, a entidade que regula a aviação nos EUA, autorizou, pela primeira vez, o suso destes aparelhos para utilização agrícola.
A tecnologia foi desenvolvida pela Guardian Agriculture e os aparelhos, uma espécie de drones de grandes dimensões, com uma largura de 4,5 metros e quatro hélices de 1,87 metros de diâmetro, tem um depósito e vários expressores acoplados, que lhe permite fazer a adubagem ou a pulverização de pesticidas nos terrenos agrícolas de forma remota e eficaz, pois não usa combustíveis fósseis, não “pisa” o terreno agrícola, o que permite um maior aproveitamento do solo, e consegue atingir uma média de trabalho de 17 hectares por hora.
A agricultura foi o primeiro setor a conseguir a licença da FAA para operar com estes aparelhos, mas há outras atividades que começam a testar o seu uso. A logística é uma das áreas que pode beneficiar desta tecnologia, pois é mais eficiente e mais rápido que as soluções que existem atualmente. A comprová-lo está o projeto piloto Wing, da Google, que, durante a pandemia efetuou mais de mil entregas de bens essenciais em zonas rurais dos EUA. Outro dos exemplos é o Nuuva 300, um drone de grandes dimensões capaz de transportar até 300 quilos de peso e com uma autonomia 300 km. Os eVTOL estão também a ser estudados para terem aplicações noutras áreas de sociedade, como a proteção civil ou transporte médico de emergência.