Entre bonecos de peluche, medalhas e pósteres a organização dos Jogos Olímpicos de Paris, não deixou nenhum detalhe nos prémios atribuídos aos melhores atletas do mundo, ao acaso. Produzidas por grandes casas de luxo e artistas de renome, as medalhas e pósteres presenteados aos melhores classificados dos Jogos de Paris foram cuidadosamente planeados de forma a celebrar o desporto, os atletas e, sobretudo, a cidade onde se realizam.
Nas redes sociais vários atletas, orgulhosos dos seus feitos, partilham vídeos onde mostram aos internautas as suas medalhas e outros prémios olímpicos. É o exemplo das canoístas britânica, Kimberley Woods, e australiana, Jessica Fox, que, através de vídeos publicados na rede social TikTok, mostram, ao detalhe, as suas medalhas.
As medalhas
A atribuição de medalhas olímpicas é uma tradição que remonta aos Jogos de 1904, em St Louis, no estado do Missouri, nos Estados Unidos. Inicialmente concebidas para ficarem presas ao peito do atleta, o design das medalhas foi evoluindo com o passar das décadas e estas tornaram-se o símbolo olímpico mais desejado por todos os atletas. Segundo o site oficial dos Jogos Olímpicos, a organização procurou incorporar a identidade da cidade na produção das medalhas. Nesta edição, para os jogos de Paris, o design e produção das medalhas à marca de joalheria de luxo francesa Chaumet, que procurou representar a capital francesa de três formas distintas: pela forma hexagonal, o brilho e utilização de metal retirado da Torre Eiffel.
Do ouro ao bronze, as medalhas olímpicas deste ano contém – literalmente – um bocadinho de Paris na sua composição ao incluírem pedaços da Torre mais emblemática da cidade, extraídos do monumento durante uma série de obras no século XX. Segundo a organização, em cada medalha estão cerca de dez gramas de ferro da Torre Eiffel.
Já a forma em hexágono, no centro da medalha, pretende homenagear o apelido da França, “l’hexagone”, atribuído à forma hexagonal das linhas geográficas do país. Uma forma geométrica que se encontra cercada por várias linhas, desenhadas de fora a representar a entrada de luz em Paris, conhecida como “A cidade luz”. Também as fitas, que envolvem a medalha, possuem desenhos que remetem para a Torre mais famosa da cidade.
Tal como acontece em todas as edições dos Jogos, no verso da medalha, está representa o nascimento do Jogos na Antiga Grécia através da deusa grega da vitória, Nice, e o estádio de Atenas. O verso inclui ainda as palavras “Paris” e “2024”, em Braille, bem como uma imagem da Torre Eiffel, juntando, assim, representações dos Jogos da Antiguidade e dos Jogos de Paris.
Kimberley Woods mostrou ainda a caixa que recebeu com a medalha e na qual surge um certificado da Eiffel Tower Operating Co. que confirma que o ferro é, efetivamente, do monumento.
Póster
Para além das medalhas, cada campeão olímpico recebe uma caixa, “misteriosa” ao início, que começou por levantar dúvidas entre o público sobre o seu conteúdo. Dentro da caixa, atribuída a cada vencedor, há um póster oficial do evento, concebido pelo artista francês Ugo Gattoni, desenhado à mão. “Ugo apresentou esta versão dos cartazes icónicos de Paris 2024 e comprei-a imediatamente. Adoro a ideia de mostrar ao mundo a energia que brilha de Paris à noite; é completamente diferente da de Paris de dia. Esta variação dos pósteres icónicos é uma ode à celebração, à liberdade e à união”, explicou Joachim Roncin, diretor de design de Paris 2024.
Também no TikTok, a canoísta australiana Jessica Fox partilhou a imagem do póster, marcado com a cor da medalha olímpica da atleta e com o título “Athlete ‘s Edition”.
Os atletas podem ainda esperar levar para casa o Phryge, o mascote oficial da competição, de cor vermelha, com uma medalha cozida no centro e a palavra “bravo” é cosida nas costas.
Diploma
Para aqueles que não alcançam as primeiras três posições mas permanecem nos oito primeiros colocados de cada prova existem ainda outras distinções, os chamados diplomas olímpicos. Até o momento, a par da medalha de bronze e diploma de Sampaio, Portugal conta com mais quatro diplomas olímpicos pelos feitos de Nélson Oliveira (bicicleta contra-relógio), Maria Inês Barros (tiro), Vasco Vilaça e Ricardo Batista (triatlo).
A atribuição destes diplomas remonta a 1981, quando o Comité Olímpico Internacional – de sigla COI – decidiu alargar o reconhecimento aos oito primeiros de cada modalidade. Assinado pelo presidente do COI e pelo organizador de cada Olimpíada, os diplomas são também responsabilidade dos organização francesa. De acordo com o jornal americano New York Times, os certificados atribuídos entre o quarto e o oitavo lugar possuem um design mais simples do que os dos três primeiros medalhados, descritos como tendo tons de ouro, prata ou bronze, dependendo da cor da medalha.
Contudo, e também segundo o site oficial dos Jogos Olímpicos, a importância e relevância destes diplomas varia entre países. “Se no Brasil e em outros países essa prática ainda é pouco relevante, em outros, como Argentina, Espanha e Portugal, os diplomas são valorizados de forma muito próxima a uma medalha”, lê-se.
Também nas modalidades coletivas, os elementos das oito primeiras equipas recebem diplomas.
Prémios monetários
Embora as medalhas sejam um reconhecimento muito procurado, receber uma não implica qualquer prémio financeiro diretamente atribuído pelo Comité Olímpico Internacional. Contudo, vários países recompensam os seus atletas com bónus financeiros pelas medalhas. Nos Estados Unidos, por exemplo, cada vencedor de uma medalha de ouro pode esperar receber por volta dos 38 mil dólares – pouco mais de 35 mil euros – e em Singapura – um dos países com maiores prémios para os atletas – estima-se que o ouro possa valer até um milhão de dólares de Singapura pelo ouro. O país anfitrião, França, também aumentou os incentivos monetários para os vencedores, com os medalhistas de ouro a receber 80 mil euros, 15 mil euros mais do que o oferecido nas Olimpíadas de Tóquio.
Esta é também a primeira edição em que os atletas de atletismo irão receber prémios em dinheiro pelas medalhas de ouro da organização de atletismo. A World Athletics revelou em abril deste ano que os vencedores do ouro em provas de atletismo em Paris 2024 têm direito a prémio monetário, tornando-se no primeiro organismo internacional a fazê-lo.
Embora o prémio em dinheiro seja apenas para os medalhistas de ouro, a World Athletics já admitiu a possibilidade de alargamento da iniciativa aos medalhistas de prata e bronze na próxima edição dos jogos, marcadas para Los Angeles, em 2028.