É obviamente injusto acusar apenas um jogador pela derrota de uma equipa. Mas a sensação que fica após o afastamento do Euro 2024 é que Portugal jogou sempre com um a menos. Às vezes até com mais do que um, mas na partida contra a França foi a inutilidade de Cristiano Ronaldo que ficou clara aos olhos de todos. Infelizmente com um preço demasiado alto para uma geração de jogadores que mereciam ter chegado mais longe na competição e, muitos deles, foram obrigados a assistir, tempo demais e impotentes, à queda a partir do banco de suplentes.
Roberto Martinez voltou a apostar no mesmo onze que defrontara a Eslovénia. Desta vez, porém, terá dado ordens diferentes aos seus atletas, que apareceram em campo a desempenhar as funções que melhor conhecem. Rúben Dias e Pepe formaram uma dupla de centrais intransponível, os laterais acompanharam, sempre que poderam, as ações ofensivas colados às linhas laterais, Palinha (grande jogo!) foi o trinco de serviço e Bernardo Silva assumiu, finalmente, a batuta do jogo ofensivo em parceria com Vitinha, que voltou a ser gigante, não obstante a marcação apertada que os médios franceses lhe dedicaram. Rafael Leão foi, enquanto teve fôlego, um diabo à solta, o único a colocar em sentido a defesa contrária durante a primeira parte. Ao invés, Bruno Fernandes voltou a não aparecer e, Cristiano Ronaldo voltou a mostrar toda a sua atual incapacidade. Chegou sempre tarde aos lances, falhou uma vez mais nos livres e voltou a ficar em branco pela quinta vez na competição. Um registo paupérrimo para qualquer avançado e ainda mais para quem queria porque queria sair desta competição como recorde de jogador mais velho a marcar num Europeu. Ainda estamos todos para perceber que problema terá Gonçalo Ramos para ter merecido tão poucas oportunidades.
Nunca saberemos, portanto, o que teria sido o percurso de Portugal neste Europeu se as opções de Roberto Martinez tivessem sido outras. É verdade que Portugal até esteve bem no embate com a França (longe da equipa extraordinária de outros tempos), conseguiu equilibrar o comando do jogo e teve algumas oportunidades para resolver o jogo antes dos 90 minutos e durante o prolongamento. Desta vez, até as substituições que fez fizeram sentido e tiveram influência positiva no jogo, mas o mal esteve sempre lá. Portugal jogou sempre com menos um, nunca teve presença na grande área, nem quem lá aparecesse para resolver. E se já difícil ter sucesso contra equipas do calibre da França quando se joga de igual para igual, quando se alinha com um elemento a menos e nada se faz para experimentar algo diferente, só com milagres é que se tem sucesso. E Digo Costa não chega para tudo.
Resta agora que quem direito faça o balanço desta participação portuguesa no Europeu e tire as ilações devidas. A nós, que gostamos de futebol resta acompanhar o resto da competição e apreciar os grandes jogos que se adivinham. E perceber se a França que continua em competição com apenas três golos marcados (um de penalti e dois autogolos) vai conseguir ultrapassar a extraordinária Espanha, que eliminou a Alemanha, outra das grandes equipas do torneio.