A MÃE DOS CUIDADOS PALIATIVOS NA RAA
Ponto 1 – Estive a ler a entrevista que a Dra. Teresa Flor de Lima deu à Imprensa Regional. E reparei que, apesar de se falar em Congressos de Cuidados Paliativos, Workshops e Encontros vários sobre o tema, a nossa Mãe dos CP dos Açores tem como princípio de força a acção. Por isso insiste: não se fique pelas teorias, é urgente agir e consolidar, formar pessoas para cumprir de imediato o que tem de ser feito. E lá anda ela, qual Madre Teresa de Calcutá a percorrer os Países – ainda há dias telefonei-lhe e estava em reuniões na longínqua Alemanha -, a caminhar pelas ilhas do Arquipélago levando uma mensagem de esperança a quem vive as suas dores e os seus tempos finais de permanência no mundo físico.
Por isso vou dizer-vos uma vez mais há quanto tempo os Cuidados Paliativos existem na Europa para compreenderem a emergência da sua implementação no tempo que é o nosso.
Corria o ano de 1948 – em plena II Guerra Mundial – quando um judeu polaco de quarenta anos de idade foi sujeito a uma cirurgia de cancro do recto. Não tendo possibilidade de cura ficou internado numa enfermaria à espera da morte. Homem de grande sensibilidade e inteligência coube-lhe em sorte ter como cuidadora Cicely Saunders, uma trabalhadora social com um coração bondoso e uma mente aberta ao possível e ao impossível.
Tiveram longas conversas. Delas nasceram necessidades primárias para um doente em sofrimento. Desde o silêncio ao afecto, sem descurar o abrandamento da dor. Antes de partir em direcção a outra dimensão, David – assim se chamava o doente polaco – entregou a Cicely quinhentas libras acompanhadas da seguinte frase: “- Quero ser uma janela da Casa que você vai criar, porque eu conheço o que vai no seu pensamento e no seu coração.” (citei).
Passaram anos – dezanove longos anos – até que esta mulher consegue inaugurar o primeiro Centro de Acolhimento para doentes terminais. Mas a luta tem continuado. Em Portugal a Lei de bases dos CP acaba de ser aprovada. Devemos isso ao CDS/PP na pessoa da Dra. Isabel Galriça Neto. Se em Inglaterra levou dezanove anos, em Portugal levou muitos mais. É interessante pensar nisso…
Nos Açores, mas sem se deixar ficar só por aqui, a mãe dos Cuidados Paliativos – Dra. Teresa Flor de Lima – começou com a Unidade da Dor, tão incompreendida por vezes. Agora é a fonte que jorra através desta janela que se abriu e que nunca mais deixará fechar.
Ponto -2- Sempre ouvi chamar de “vira casacas” a quem muda de opinião sobre Partidos Políticos e/ou pessoas que de alguma forma se destacam na vida social ou outra de um País ou Região. A maturidade, porém, ensinou-me que é preciso saber avaliar desempenhos, honestidades, posturas, defesas. Foi o que me aconteceu com o Presidente do Governo Regional dos Açores – Carlos César.
E, antes de me alongar no discurso, refiro que nunca fui beneficiada por ninguém do PS nem de qualquer outro Partido Político. A minha presença semanal em jornais e na Rádio Pico deve-se única e exclusivamente a um trabalho continuado e persistente por amor à escrita e aos Açores.
Por isso decidi afirmar aqui que, apesar de algumas das ideologias vindas do Partido Socialista mãe não serem consentâneas com a minha formação e o meu sentido de vida, Carlos César foi – e ainda é – um homem de bem e um grande Estadista. Esperava que cumprisse mais um mandato. Afasta-se pela porta grande. Ele saberá porquê. Fica-nos a convicção de que o seu trabalho na RAA o deixará na História como um Presidente que fez o que lhe foi possível para que o nome dos Açores nunca fosse esquecido em parte alguma.
Temos o Dr. Vasco Cordeiro como sucessor. Já lhe enviei uma mensagem de apoio. É novo, de fortes convicções, trabalha junto do Presidente cessante. Se todos colaborarem para a unidade do PS actual e pós-César creio que habemus continuidade.
Nota – Não tenho nada contra o PSD nem a sua líder. Por todo o lado há políticos com qualidades e apetências e o inverso, no que se refere a gerir pessoas e situações. Fica aqui registada a minha posição para não criar confusões em mentes que não me conhecem.
Dra. Maria da Conceição Brasil mcbrasil2005@hotmail.com
10/10/2011