O Brazil do futuro (cada vez mais presente no atual estágio do modo de produção capitalista) inova não só nas modalidades de exploração da mão de obra interna, nacional – ao contrário do modelo imperialista tradicional, em que a exploração do trabalho era feita em outros países, configurando internamente (dentro do próprio estado imperialista) uma vida bela, um conto de fadas arquitetônico, estético e de bem-estar social – mas também nas modalidades de fascismo geradas pela prática econômica. Pobres das mulheres heterossexuais em um país que alça vôos ousadíssimos na homossexualidade: O que pode valer menos do que uma mulher que gosta de homem no Brazil gay e fascista? A única resposta possível é: Um gay efeminado.
As feministas brazileiras foram incrivelmente idealistas e tolas, o que explica o insucesso de sua empreitada, pois adotaram um modelo de organização social do trabalho típico de países cujo estado é o de bem-estar social para implantação no Brasil colônia contemporânea – onde o mal-estar social é a fonte geradora de riquezas. Resultado: a mulher se tornou uma proletária mal paga e pouco reconhecida – ganha muito menos que os homens, exercendo funções difíceis que mantêm os saltos comerciais colossais das empresas. Caso o funcionário não tenha barba no Brazil, é difícil que seja reconhecido por seus esforços sem ter que dar a vida e a saúde psíquica à função que exerce. É muito comum no Brazil mulheres não só sustentarem financeiramente as famílias, mas também educar e exercer todo o trabalho doméstico impresindível à saúde do marido e dos filhos. Enquanto a pobre coitada trabalha, o marido vai pro chat gay e exibe seus predicados em nicknames (apelidos de bate-papo) como “Casado Discreto”, “MACHO cas” [casado], “macho SIGILO 36a”, “casado PASS” [passivo]. Sendo uma proletária super explorada, tendo ainda que cuidar do lar, dos filhos e da falência do próprio marido, é compreensível que a mulher deixe de vislumbrar ou ser capaz de ter uma vida sexual saudável.
No Brazil takes off (Brasil decola), o estado de mal-estar social promove a idealização de formas de vida e incute isso na população com uma mídia televisiva controlada por menos de 10 famílias, gerando a cultura necessária às atividades de exploração do trabalho e criação de vislumbres na vasta população. Não é à toa que livros de auto-ajuda são os mais vendidos no país. O mecanismo é simples: A mulher e o gay efeminado (de trejeitos femininos, conhecido, no jargão fascista, por bicha afetada) cumprem a função do bem-estar social, da administração e da criatividade comercial e ideológica que impulsiona a economia, e o homem não-afeminado (que pode e, conforme se verifica bastante, É gay) se encarrega de receber o trabalho dos outros e se exibir socialmente como o coordenador, o gestor, o idealizadador e promotor de um êxito comercial, familiar e social. Não há fascismo mais verificável atualmente do que a desvalorização completa do sujeito homossexual que é bastante afeminado – é encarado como sub-pessoa, repleto de toda ordem de vícios emotivos (afetações, no jargão fascista) e erros psíquicos. Contudo, basta dar uma olhada no quadro de funcionários dos telemarketings do país (que pagam pouco por funções altamente debilitantes para a mente, sendo conhecidos como matadouros) para notar a vasta quantidade de mulheres e gays efeminados empregados em tais setores. Vale ainda constatar que estes grupos vítimas dos neo-neo-neo-fascismos do Brazil se encarregam de sustentar o consumo para suprir, com bens ou formas de se vestir não-raro extravagantes, a sua desvalorização na sociedade – e, não raro, compartilham das idéias fascistas que os acometem como escravas contemporâneas. Desta forma, é possível concluir que a economia do “Brazil takes off” está apresentando uma nova modalidade escravismo contemporâneo definido por questões de gênero.
A pseudo-nação apresenta muitos gays conservadores e machistas que detém os meios de produção (é comum que sejam pequenos, médios ou grandes empresários) e desvalorizam a feminilidade em quase todos os aspectos. Heterosseuxais se tornam cada vez mais escassos pois, embora tenham uma esposa ou uma namorada, é comum que tenham entretenimentos homoeróticos nos jardins secretos (banheiros de shoppings, pontos de pegação em via pública, chats gays etc). Um gay macho (não-efeminado) pode exercer crueldades mil (inimagináveis, dado que ainda não são matéria de livros, contos e relatos de mídia, pois não encontram ainda espaço na moral conservadora reinante no país). Nada poderia ser mais emocionante, como espetáculo da desgraça alheia, do que um programa do formato “Casos de Família” com participantes gays. Psiquiatras que atendem gays, boates e drogas oferecem o consolo atual para as torturas psíquicas que um “gay macho” pode gerar em uma “bicha afetada”. Casos de suicídio ou, na sua grande marioria, de tentativas de suicídio como forma de chamar a atenção para um problema grave, são omissos, obviamente, mas também obviamente expressivos – motivados pela frieza psíquica do desdém, da negação, da desvalorização imposta por outrem à sua feminilidade pelo fato único de possuir o agente do procenceito possuir virilidade santa. Há o sofrimento humano em grande escala e profundidade, há o problema social expresso em uma miséria humana expresso em graus de crueldade típicos de contextos de guerra civil.