Esta é uma padaria com playlist. Verdade. Uma playlist de música barroca, sobretudo, disponível no Spotify (o link está na conta de Instagram da casa), que espelha uma das inspirações da casa, presente no nome, em homenagem ao compositor barroco Jean-Baptiste Lully (1632-1687). Músico, dançarino e um criativo, com um lado clássico e uma certa tendência, vá, chamemos-lhe punk. Tal e qual a abordagem ao pão seguida nova padaria do Beato, que, entretanto, já ganhou uma irmã mais nova nos Anjos. E promete não parar por aqui.

É um projeto de três amigos e sócios franceses de diferentes áreas, apostados em mostrar a Lisboa um tipo de pão diferente do que tem aparecido nos últimos anos, feito seguindo as receitas tradicionais de França. A massa é de fermentação natural, o trigo é biológico moído em pedra e há outras farinhas que vêm da região de Mâconnais, em França (zona com tradição de moagem), além de usarem sal cinzento não refinado. No total têm 15 pães diferentes, que vão das baguetes de um metro a um muitíssimo especial, chamado La Paillard (uma das alcunhas de Lully). São 4,5 kg de pão, para comprar inteiro, em quartos ou à fatia, com farinha de trigo semi-integral orgânica. Há também pães pequenos, como o Petit Pain Battista, com farinha de trigo orgânica, há Pain au Lait, com manteiga e ovos, além de uma Baguette aux Graines, com cereais, de broa de milho ou de um pão com kamut.

Os pães servem de albergue a uma curta lista de sanduíches, assinadas pela chefe brasileira Alana Mostachio (ex-VDB Bistronomie), uma adepta da arte da experimentação e do desperdício zero. O fiambre, por exemplo, é feito na casa, curado durante 20 dias, a partir de porco Malhado de Alcobaça; usa fermentações, faz caril caseiro, entre outras ideias. A partir das 11h30, a Lully começa a servir sanduíches, numa lógica de grab & go, para trincar, por exemplo, numa praça renovada ali ao lado. Há combinações como beterraba, crème Camembert e salada (€6), caril de frango, curgete, salada e maionese de açafrão (€7), ou a simples de fiambre caseiro e manteiga (€4.50).
A parte mais doce está a cargo do pasteleiro Pierre, com experiência de mais de 15 anos na área, que veio de França para Lisboa para trabalhar exclusivamente neste projeto, onde se serve das receitas tradicionais francesas para criar as suas próprias versões, sempre leves. “Quero ir além da tradição. A ideia é ter três ou quatro receitas novas por mês”, diz. São já populares o Paris Brest, com creme mousseline de praliné de avelã, avelãs tostadas e flor de sal, o bolo de chocolate negro, o Flan Patissier, um primo do nosso pudim flan, muito cremoso, ou a Tarte au Citron, com massa sablé, biscoito de avelã, cremoso de citrinos e gel de citrinos.

Também é possível pegar e levar ou sentar-se num dos poucos bancos da casa e aproveitar para beber um café de especialidade, com um lote próprio feito pela The Royal Rawness. E, claro, manter o olho neste projeto de padaria e pastelaria diferenciador, que promete dar que falar na cidade.
Rua do Grilo, 12, Lisboa / ter-sex 08h-15h, sáb 09h-17h